A incontinência fecal (IF) é a perda involuntária de fezes líquidas ou sólidas e/ou gases.
Estudos demonstram que 50% dos pacientes com IF também sofrem de incontinência urinária, muito associado à disfunção dos músculos do pavimento pélvico.
Causas da Incontinência Fecal
Alterações colo-retais:
Doença inflamatória do intestino;
Síndrome do colón irritável;
Abuso de laxantes;
Obstipação crónica.
Sequelas de procedimentos cirúrgicos: Histerectomia.
Traumatismos obstétricos: paridade, laceração esfincteriana, parto instrumental, episiotomia, fase expulsiva prolongada, etc.
Tipos de incontinência fecal
Incontinência Fecal a gases - incontinência a gases devido à incapacidade de diferenciar gases de fezes líquidas ou sólidas
Incontinência Fecal Passiva - perda involuntária de muco líquido ou de fezes sólidas sem o paciente ter a perceção de vontade
Incontinência Fecal de Urgência - incapacidade de conter as fezes quando a vontade é percepcionada, não tem o tempo suficiente para chegar à casa de banho
Qual o papel do pavimento pélvico na incontinência fecal?
O pavimento pélvico trabalha com os músculos do esfíncter anal. Quando os músculos se encontram fortes, o esfíncter anal interno e o pavimento pélvico são automaticamente contraídos, fechando o ânus de forma a evitar perdas.
Geralmente não precisa de pensar em contrair esses músculos. Eles apertam-se com mais firmeza quando ri ou tosse. Se tiver fezes soltas ou precisar de “aguentar”, pode contrair activamente o seu esfíncter anal externo e, se os seus músculos forem suficientemente fortes, deverá conseguir aguentar até chegar a uma sanita. Quando está pronto para ir à casa de banho e se senta, estes músculos relaxam e pode evacuar normalmente.
Se um desses músculos estiverem fracos ou danificados, a incontinência pode ocorrer.
Intervenção da Fisioterapia Pélvica
A intervenção da fisioterapia pélvica na IF começa com a história clínica, avaliação postural e respiratória, avaliação do pavimento pélvico por palpação via vagina e/ou anal.
Na história clínica são realizadas questões sobre o início dos sintomas, frequência, gravidade, consistência das fezes, condições de doenças coexistentes, lesões anteriores, medicamentos e dieta; e perguntas adicionais sobre gravidez e parto. A avaliação postural é importante. Estudos mostraram que distúrbios da curvatura da coluna vertebral e defeitos posturais podem levar ao desenvolvimento de padrões respiratórios anormais e consequentemente levar ao aumento da pressão abdominal adicional, o que afeta negativamente os músculos do pavimento pélvico.
A avaliação do pavimento pélvico inclui avaliação da contração voluntária (dependente da vontade), e da contração involuntária (independente da vontade),que ocorre durante o aumento da pressão intra-abdominal.
Consoante a avaliação, vamos procurar melhorar a função do pavimento pélvico, aumentar a consciencialização postural, muscular e respiratória, melhorar a sensibilidade retal e a função muscular.
As técnicas de reabilitação do pavimento pélvico incluem reeducação intestinal, treino dos músculos do pavimento pélvico, libertação muscular miofascial e técnicas de mobilização do tecido conjuntivo.
Mudanças do estilo de vida
Na educação é importante salientar a importância de uma alimentação saudável e de uma correta ingestão de líquidos.
No treino intestinal deve ser realizado:
Definição de um padrão de evacuação intestinal;
Técnicas para reduzir o esforço;
Postura correta a adoptar no WC (ver imagem);
Técnicas de supressão.
A rigidez pélvica influência negativamente a aquisição da posição ideal para defecar, devemos procurar esta através da mobilidade pélvica e respiração diafragmática.
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